Imagem retirada daqui.
Sempre, desde pequeno, me perguntei o que é o amor.
Quando pequeno, inocentemente achava que amor era gostar.
Talvez fosse. Talvez. Na infância ainda existe aquela coisa bonita do gostar.
Sem alianças, sem cobranças, sem complicações. A gente gosta e pronto.
Fui ficando mais velho e me apaixonei. Tá, isso é amor, certo? Não, acho que não.
Era mais uma submissão, pois amor platônico, ainda que tenha amor no nome, não acho que seja amor.
Amor é algo mais concreto, certo? Não sei.
A idade avançou e aquele "amor" foi mudando. As experiências foram acontecendo e eu as fui analisando.
Percebi então que aquilo não era amor, era doença. Um pouco forte para se dizer. Que sabe um lúcido sobre doença, não é?
Em um momento da minha vida percebi que amor não é só de um, é de dois.
Amor é como um LEGO: se falta uma peça, não funciona direito.
Mas qual peça? Comecei a ver então que o amor era formado por várias peças, sendo duas delas as mais importantes. O Um e o Outro.
Não existe amor sozinho. O amor é dependente, o amor se sente solitário.
Comecei uma nova fase da minha vida, e nela propus a mim mesmo não mais amar; já considerava uma coisa impossível. Ora, como juntar tantas peças num mundo tão separado, dividido?
Amar é complicado, amar é duro e amargo. Amar é doloroso. Assim eu pensava.
E aí já tinham-se ido alguns bons anos da minha vida sem realmente saber o que é amar.
E aquela dúvida ainda pairava no meu coração.
O amor? Será que um dia ele vai me visitar? E será que ele virá por completo dessa vez?
Não. O amor pode ter uma lógica parecida com um álbum de figurinhas, mas não sejam literais, meus leitores. O amor não se coleciona. Para se completar o amor, é preciso conquistar; peça por peça, figurinha por figurinha.
O problema é que nunca se sabe exatamente qual figurinha se precisa pra completar aquela página.
São abstratas. São baseadas em sentimentos e emoções.
Então descobri que o amor é reflexo quase exato das ações do dia-a-dia.
O amor se constrói com um dia após o outro. Ele não fica pronto (e será que um dia fica pronto?), assim como qualquer obra, em um dia ou dois.
Então anotei na minha agenda de sentimentos e aflições que o amor precisa de paciência.
Tá lá, vou lá conseguir pra mim um pouco de paciência na loja da sabedoria.
No meio do caminho tropecei -pof!- que é isso?! Quem diria, mais uma chance de amar.
Pensei 'depois de tanto tempo com o coração frio, posso me dar o direito de tentar mais uma vez'.
Era pegar ou largar. Pois não se tropeça no amor, mas o contrário, o amor é que te atropela.
E daí então eu venho descobrindo que o amor, além de tuuudo isso...
É aquela vontade imensurável de querer estar junto e não saber como ficar longe.
É transformar o tropeço (muito conhecido como paixão) num sentimento sólido e resistente.
É saber entender o outro e saber entender que o outro pode não saber te entender. E então ensiná-lo.
É ver um por-do-sol em cada sorriso, uma aurora em cada fio de cabelo, um dança em cada movimento do corpo, música em cada palavra dita. Ah!, a música. Como é bela, não é?
É sentir que, ao simples toque, tuas energias se estabilizam. Como se, mesmo naquele milésimo de segundo, nada mais importasse.
É fazer único cada momento.
E mais do que isso, é encaixar, sem maiores dificuldades, alguém no teu futuro. Que até então parecia tão solitário.
É aproveitar e querer ser aproveitado. É mútuo. É amor.
...
Bem, se é só isso mesmo, eu não sei. E nunca vou saber. Pois o amor é mutante, nunca é o mesmo para todos. E sempre há o que descobrir sobre ele.
Mas uma coisa eu posso dizer depois disso tudo: amem, pois vale a pena amar.
Se der certo, que bom. Se der errado, é aprendizado.